Por incrível que pareça em algumas associações a selecção não é efectuada ao longo da temporada mediante as provas por cada um dos colegiados prestadas, são os próprios filiados que se perfilam junto dos dirigentes dos conselhos de arbitragem autopropondo-se à prestação dos respectivos testes
JORGE COROADO
JORGE COROADO
Com o fim da temporda futebolística é chegada ocasião dos exames de promoção das diversas categorias da arbitragem. A nível distrital para alcançarem a primeira categoria da respectiva associação, antecâmara de acesso aos escalões nacionais. Daquela última para ascensão à terceira categoria dos quadros federativos e desta para a segunda aquela que antecede o topo da carreira a nível interno. As provas por todos efectuadas destinam-se a aferir conhecimentos técnico/teóricos e também condição físicas. O modo de selecção dos elementos enviados por cada associação, algo que deveria ser padronizado e por todas respeitado, diverge em muitas delas. Por incrível que pareça em algumas associações a selecção não é efectuada ao longo da temporada mediante as provas por cada um dos colegiados prestadas, são os próprios filiados que se perfilam junto dos dirigentes dos conselhos de arbitragem autopropondo-se à prestação dos respectivos testes. Não só o facto atrás referido como, também, em outras latitudes, porque possuem curso universitário ou desempenham profissões de elevado conceito social, uns quantos são indicados por estarem pré-definidos desde o início das épocas e não pela apetência demonstrada na direcção dos jogos, o que desde logo inquina à nascença o processo de filtragem dos melhores, mais competentes, mais válidos, fazendo com que ao chegarem ao topo o valor, competência e capacidades não preencham os requisitos mais convenientes e apropriados para dirigir um jogo da principal divisão.
Exemplos
A génese da arbitragem está nos quadros dos campeonatos regionais, competições onde, sob a égide dos correspondentes Conselhos de Arbitragem, os quais na aprovação, estão ou deveriam estar na dependência da supervisão do CA da FPF, é naquelas provas que os árbitros aprendem, desenvolvem capacidades e ganham estofo para encararem as dificuldades próprias da função. Ali, arrostando com as mais díspares situações e confrontados com atitudes e comportamentos nos antípodas do verificado no âmbito do futebol profissional, campo onde deve germinar a melhor semente, verifica-se amiúde a deterioração quando o querer e vontade em mais rapidamente ascender para, subitamente melhores proventos obter, se sobrepõe ao querer, orgulho e prazer em dirigir um jogo de futebol. Os valores em euros praticados na principal divisão e, porque não dizê-lo, pois já se afiguram muito interessantes, na FPF, perante as crescentes limitações e necessidades sócio-económicas vividas em muitos sectores da nossa sociedade, impulsionam a azáfama dos mais "espertos" ou "inteligentes" na procura de granjearem simpatia de quem possa influenciar a respectiva promoção, preocupando-se bem menos na obtenção de conhecimentos, experiência e saber estar, factores importantíssimos na condução de um jogo de futebol e afirmação de um árbitro perante os jogadores, dirigentes e demais agentes ligados à modalidade. A valoração de um canudo prevalece sobre demonstração de capacidade e/ou competência. Os exemplos são elucidativos, basta olhar-se para o quadro da principal categoria nacional e pensar-se quantos ali andam que não revelam os mínimos desejados.
Dinheiro
O dinheiro, esse vil metal que tantos males tem provocado à humanidade, nos tempos que correm, faz girar o Mundo e tudo o que nele se movimenta. A arbitragem, algo que em primeiro lugar deveria colocar à-vontade, querer e saber dos filiados, não foge da generalidade. Falarmos com um jovem acabado de obter permissão oficial para arbitrar um encontro, ao ser confrontado com lances ou deliberações que eventual , muito susceptivelmente podem acontecer, a resposta surge invariavelmente; "Para aquilo que eles pagam!" Assim se vê o espírito, a militância, o gosto e o prazer que têm os novos elementos. A principal preocupação é "ganharem" dinheiro, não a de aprenderem ou evidenciarem conhecimentos que os catapultem como gente válida e participativa. Mesmo na principal categoria onde é que se ouvem lamentações pela falta de médicos ou massagistas disponíveis para atenderem os filiados lesionados? Que motivações, razões e moções apresentam os árbitros do topo para contraporem às desconsiderações que são alvo? É mais comum ouvi-los referir a exigência de condições, só que estas se consubstanciam no "Dinheiro".
in O Jogo
Etiquetas: NOTÍCIAS
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