A opinião de ... Dinis Gorjão

O papel do árbitro na formação do jovem futebolista

O Futebol é o desporto rei em todo o mundo!
Quando uma criança nasce, se for um rapaz, mais cedo ou mais tarde alguém lhe vai oferecer uma bola de futebol e esta redondinha acompanha-lo-à para todo o lado – casa, escola, bairro, clube ou onde possa chutá-la.
Essa criança começa por praticar um desporto sem nenhuma obrigatoriedade, com magia e liberdade que se traduzem nas fintas e remates a imitar os craques idolatrados. Estamos numa fase que não existem regras ou normas.
Uma segunda etapa inicia-se quando a criança começa a praticar futebol integrado numa equipa, deixa de estar só e aprende que existem novos conceitos do colectivo a dominar. A criança começa então a demonstrar a sua competência ao adaptar-se respeitando o que está instituído. Ao mesmo tempo que aprende o que é o futebol começa a interiorizar as Leis de Jogo e a sua lógica.
É então como jogador de futebol que a criança se depara na competição com uma nova personagem – o árbitro de futebol. Para uma criança o árbitro representa a lei, sem ele não há jogo, e no árbitro deposita toda a confiança e respeito. O árbitro passa a ser visto como indispensável, infalível e incorruptível. Neste estádio a função do árbitro será de um educador, transmitindo às crianças todo seu conhecimento e desenvolvimento da noção das regras do jogo de futebol. Também neste estádio o árbitro pode e deve aproveitar para ter a sua melhor escola de aprendizagem para logo aí começar a ser um árbitro respeitado, não só pelas crianças mas também pelos exigentes pais que assistem aos jogos. A emoção e o coração levarão sempre à crítica feita por um pai a um árbitro.
O árbitro ainda terá como principal função passar à criança o respeito ao fair play (jogo limpo). Impedir a violência. Exigir que nenhum adversário seja humilhado ou abusado por razões raciais, étnicas ou religiosas. E que o futebol faz amigos.
Infelizmente para o futebol, a criança vê nos seus pais a principal figura relacionada com a verdade, e sendo assim, quando ela observa o seu pai ou a sua mãe criticar abertamente o árbitro, ela sente-se no mesmo direito. E é precisamente aí que reside a origem da tese que "...o árbitro será sempre o causador da sua derrota".

3 Comments:

  1. Anónimo said...
    Grande post Dinis. De facto, se por vezes (cada vez mais raras) se pode apontar o dedo a alguns árbitro pela forma como não preservam a "formação", o fair play, e às vezes até a educação nesta fase decisiva da formação do atleta/homem, o grande problema com que arbitros e treinadores se deparam é de facto com a relação com os pais. Para uma criança de 7 8 ou 9 anos, o grande "arbitro" é o pai, o treinador que mais sabe de futebol é tambem o progenitor, e aquilo que ele diz é encarado como verdade, pois é a grande referencia da sua vida. Se aquilo que transmite a nossa sociedade é que a culpa é sempre do árbitro, ou do asno do treinador que não percebe, fácil será para um jovem absorver estas verdades como absolutas, e iniciar a sua carreira olhando de lado para estes agentes desportivos. Custa muito observar jogos de crianças, e ter os adultos a um metro do campo a apupar, a indicar ao miudo o que deve fazer, tantas vezes indo contra as indicações do líder, e a incitar até à violencia. Certo que, e felizmente, os bons exemplos tambem existem, e aquilo que deve ficar bem presente é que o desporto ajuda estes jovens a enquadrarem-se em grupo, a respeitar regras, a conviver, e sobretudo, a ter prazer no jogo! Tantas vezes retirado esse prazer por pressões estúpidas, por sonhos que os levam a acreditar que são Ronaldos, e por ideias que, para quem são os verdadeiros formadores - os pais - muitas vezes descuram os principios básicos do cidadão: o respeito, a verticalidade, a humildade e o fair play. Muito cuidado que antes de atletas, tratam-se de crianças em formação para serem os homens de amanhã.

    Carlos G.
    Anónimo said...
    Nem mais.
    Caro colega alentejano concordo muito com o que diz.
    Os árbitros que normalmente apitam o denominado Fut 7 deviam ser escolhidos a dedo pois estao a lidar com projectos de homens, com as criancinhas.
    E se muitas vezes os pais n se colocam no seu lugar, pelo menos que o árbitro de cada jogo o faça.

    Fernando Dias - A. F. Viseu
    Joaquim Carvalho said...
    Amigo Dinis,

    Parabéns por este excelente artigo. Pena que os "nossos" árbitros não sigam este exemplo... e transmitam uma imagem de arrogância e displicencia aos miudos o que também origina os tais protestos dos pais, embora também reconheça que a maior parte deles não tem a minima formação humana para lidar com o fenómeno desportivo.

    Abraço

    J. Carvalho

Post a Comment




 

Copyright 2006| Blogger Templates by GeckoandFly modified and converted to Blogger Beta by Blogcrowds.
No part of the content or the blog may be reproduced without prior written permission.