“Quero chegar à Liga”

Entrevista retirada de
Aos 28 anos, Tiago Canário alcançou a ambicionada promoção à 2ª categoria nacional e, apesar de realista, não esconde a vontade de continuar a trabalhar para subir ainda mais no mundo da arbitragem nacional
Nome: Tiago Manuel Dias Canário
Idade: 28
Naturalidade: Castro Verde
Formação: Licenciado em Química pela Universidade de Évora
Percurso: É árbitro desde 1998; estreou-se como assistente de João Constantino no jogo FC São Marcos – Milfontes


Dez anos depois de ter entrado para a arbitragem, Tiago Canário chega àquele que considera ser o “patamar mais alto da arbitragem não profissional”. Quinto classificado na 3ª categoria nacional em 2007-2008 (entre 140 árbitros), o jovem juiz natural de Castro Verde revela em entrevista ao “Correio Alentejo” os “trunfos” da promoção e garante “querer mais”.
Quando ficou a saber que tinha sido promovido qual foi a reacção?
Estava ansioso e na expectativa. Porque as notas que tinha e aquilo que falava com alguns colegas davam-me esperança de ficar bem classificado. Quando efectivamente vi que estava em 5º lugar foi uma alegria muito grande e o pensamento de “já está!”.
Quais os trunfos para esta classificação?
A nossa classificação é dependente. Do trabalho que fazemos e de quem nos vai observar.
Há muita subjectividade nas classificações?
Estamos sempre dependentes de terceiros. Mas as classificações também têm que ver com o trabalho que é feito. E nos outros anos, o trabalho não foi diferente do que fiz nos anos anteriores.
Então qual foi a razão desta classificação?
É simples: foi no ano passado terem mudado o sistema de provas [de avaliação física]. O meu “calcanhar de Aquiles” sempre foi a parte física. E com este novo sistema de provas o treino também tem de ser diferente. Mudei a forma de treinar e nos jogos senti-me muito melhor a nível físico. Mas o trabalho com os assistentes [Rui Sesifredo e André Baltazar] também conta muito. Eles também tiveram influência na minha classificação.
Garantida a promoção, quais são as expectativas?
Pelo que me têm dito, a qualidade do futebol [na 2ª divisão nacional] é superior. E os jogos tornam-se mais fáceis de apitar. O meu maior problema vai ser a alteração de regulamentos que houve este ano e que determina a redução do quadro [da 2ª categoria] para 35 árbitros. E neste momento somos 50.
Tem, portanto, noção de que 2008-2009 não vai ser uma época fácil?
Vai ser muito complicada. Porque, quer se queira quer não, vai haver muita competitividade. E o pior inimigo de um árbitro é outro árbitro. Porque estamos a ser classificados como as equipas.
Tendo em conta isso, vai mudar alguma coisa na sua forma de trabalhar?
Neste momento não penso alterar a forma de trabalhar. Mas uma situação nova vão ser os assistentes. Se pudesse, mantinha a dupla com que trabalhei a época passada, porque sou da opinião que em equipa que ganha não se mexe. Mas ao nível dos regulamentos da federação isso não é possível. Porque temos assistentes do distrito de Beja que pertencem à 2ª categoria e eles têm de ser distribuídos pelos árbitros de 2ª categoria. Obrigatoriamente!
No caso de Beja, serão três assistentes (Carlos Nilha, Ricardo Cabecinha e António Coimbra) para dois árbitros (Tiago Canário e Marco António Trombinhas). Fica a faltar um. Como vão resolver a situação?
Um ficará com dois e o outro com um. Obrigatoriamente vai ser assim. Por isso, dos assistentes que esta época trabalharam comigo, ou levo um ou nenhum. E isso acaba por ser a maior alteração ao nível da forma de trabalhar, pois temos de moldar a equipa à nossa imagem.
Se puder ficar com um dos seus assistentes, qual irá escolher?
Será o Rui Sesifredo. Porque é mais experiente e já esteve no quadro da 2ª categoria.
Patamar mais alto
Com 28 anos, que ambições tem no mundo da arbitragem?
Estou a chegar à 2ª categoria ao fim de 10 anos de arbitragem. Foram 10 anos de muito trabalho. Fico bastante contente, pois cheguei, do meu ponto de vista, ao patamar mais alto da arbitragem a nível não profissional. Mas não me dou por satisfeito, pois sempre disse que quando não tivesse objectivos na arbitragem abandonava. Queremos sempre mais qualquer coisa e, neste momento, mais qualquer coisa é chegar à Liga. Mas com calma, serenidade e sem pressas.
Porquê a arbitragem? Porque gosta muito de futebol e o jeito para jogar era pouco?
Também [risos]! Mas não só. Comecei na arbitragem com 13 anos, no desporto escolar (DE), a dirigir jogos de basquetebol. Depois veio o futebol de salão, também no DE, e mais tarde surgiu a hipótese de tirar o curso de árbitro em Castro Verde, com o Manuel Custódio e o António Paulino.
E “apaixonou-se” pela arbitragem?
Exactamente. Mas só quando fui para a universidade [de Évora], e como queria continuar ligado ao futebol, optei pela arbitragem. Porque podia conciliar a arbitragem com os estudos e juntava o útil ao agradável.
Tem algum modelo na arbitragem?
Prefiro ser eu próprio. Mas gosto do estilo do Duarte Gomes. Isto não quer dizer que tente ser como ele. Pelo contrário! O Tiago Canário é o Tiago Canário e faz as coisas como acha que deve fazer. Tenho uma personalidade e uma imagem própria.
Como é que vê a arbitragem no distrito neste momento?
Estava com um grande receio até há duas semanas, antes das eleições na Associação de Futebol de Beja, porque o [José Rosa] Soeiro e o Albano [Fialho] diziam que não queria continuar [no Conselho de Arbitragem (CA)]. É certo que não há insubstituíveis, mas no entanto era um trabalho de cinco anos, principalmente na formação, que podia ir por água abaixo. Porque não haveria continuidade. E isto tem que ser dito: Beja é, se calhar, o distrito que melhor está a trabalhar na formação [de novos árbitros]. Em 10 anos arbitragem, e tendo conhecido três diferentes CA, este foi, sem dúvida nenhuma, o que trabalhou melhor e aquele com que mais me identifico. Ainda bem que continuaram.

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