A opinião de ... Jaime Vieira

O bode expiatório

Existe um princípio, diria mesmo um preconceito anti-árbitro, que começa nos atletas, passa pelos dirigentes e acaba no público, que leva muitas vezes, mesmo antes do início do jogo, à rejeição do juiz nomeado para determinada partida.
Para que possamos sustentar os motivos dessa rejeição, teremos de ter como base quase sempre, o insucesso desportivo de determinada equipa, que à falta de melhores argumentos, ignorando as suas limitações, físicas – técnicas - tácticas e por vezes o desconhecimento das regras, (por parte nomeadamente do público), arranjam assim em conjunto, um bode expiatório onde possam exorcizar todas as suas frustrações desportivas e outras, esse alvo chama-se árbitro.
Não quero dizer com isto, que os árbitros não erram ou que são infalíveis, claro que erram.
Mas não erram os dirigentes entre outras formas, quando contratam treinadores que ficam muito aquém das suas expectativas?
Não erram os dirigentes quando não conseguem cumprir os contratos que assinam com os atletas, ao não lhes serem pagas as verbas acordadas, fazendo com que a má prestação desportiva destes, se transforme numa forma de contestação?
Não continuam a errar os dirigentes quando ao alhearem-se da vida associativa e federativa da modalidade, permitem que aqueles que dizem que negativamente a têm servido, assumam quase de forma unilateral as suas rédeas?
Não erram os treinadores quando delineiam ou gizam uma determinada táctica de jogo desajustada a determinado adversário ou situação?
Não erram os treinadores quando aconselham a contratação de determinado “craque” e depois vêm que apostaram no “cavalo” errado?
Não erram os treinadores ao não conseguirem uma estabilidade quer emocional quer psicológica no grupo de trabalho, de forma a conseguir do colectivo a produtividade desejável?
Não erra o público quando exige do plantel que compõe a sua equipe do coração, a qualquer custo uma prestação acima da qualidade dos atletas?
Não erra o publico quando por comodidade aceita de forma passiva a má gestão dos recursos do seu clube, levada a cabo por indivíduos incompetentes e por vezes sem escrúpulos?
Não erram os atletas quando de forma escandalosa sofre ou não marcam golos?
Não erram os atletas quando desonestamente, simulam faltas tentando tirar partido de uma decisão errada dos árbitros, ou tentando “incendiar” o campo e as bancadas?

Quem não errou que atire a primeira pedra, tenhamos pelo menos a noção racional de que errar é humano. Se partirmos desta perspectiva, tão moral quanto verdadeira, certamente beneficiamos o espectáculo, promovemos a modalidade e trazemos mais público aos campos de futebol.
Jaime Vieira
(Árbitro da 1ª Categoria de Hóquei em Patins
e Observador de Árbitros de Futebol de 11 na A.F.Beja)

1 Comment:

  1. Anónimo said...
    Concordo plenamente com o seu comentário, também já fui árbitro, não sei se bom ou mau, mas uma coisa aprendi agora como dirigente de uma equipa de futebol senior(C.F.Benfica) e Delegado ao jogo, por vezes ou na maior parte das vezes os jogadores durante um jogo erram mais que os árbitros.
    Se tiver oportunidade veja uma resposta no meu Blog fofo-vencer, a um treinador que para desculpa do seu fracasso, teria que ser o árbitro o bode expiatório.
    Se ser isento e honesto, é apitar mal, então de facto o árbitro prejudicou-o
    Um Abraço
    Climerio Ferreira

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