João Rodrigues, antigo presidente da FPF e membro de importantes comités da UEFA e da FIFA, provavelmente o português com mais importância nestes organismos, foi ouvido hoje no tribunal de Gondomar, na condição de testemunha de José António Pinto de Sousa. Num longo depoimento, começou por dizer que considera Gilberto Madaíl "um irmão" e que no futebol tem "cinco amigos", sendo um deles Pinto de Sousa. Rodrigues aproveitou a oportunidade para referir que no processo foi citado como tendo sido ínterlocutor de Pinto da Costa e de Luís Filipe Vieira e sobre o primeiro disse que nunca lhe pediu nada. Quanto a Pinto de Sousa, disse que nas eleições da FPF, em 2002, foi "segunda escolha" de Gilberto Madaíl, que tinha plenos poderes para nomear os presidentes dos diversos órgãos da FPF, entre os quais o Conselho de Arbitragem. Isto para provar que Pinto de Sousa não dependia da influência de Valentim Loureiro, então presidente da Liga, para ocupar este cargo. "O preferido de Madaíl era o senhor Carlos Padrão, de Espinho, mas este recusou", precisou João Rodrigues, assumido benfiquista.Deu 500 contos a um árbitroO homem que liderou a FPF de 1989 a 1992 frisou várias vezes que Pinto de Sousa nada ganhou na arbitragem e que, pelo contrário, até ali investiu dinheiro seu. Como aconteceu em meados da década de 80, quando foi abordado por um árbitro internacional em fim de carreira que terminava nesse ano a carreira e que pedia a prorrogação por mais um ano "alegando que a filha estava a acabar os estudos universitários". Tendo Pinto de Sousa, segundo Rodrigues, dito que tal não era possível mas que podia resolver ali a situação apresentada, tendo dado do seu bolso 500 contos a esse árbitro. "Quando Pinto de Sousa disse que não podia prolongar a sua carreira, esse árbitro começou a chorar", recordou Rodrigues o curioso episódio."Não admito que alguém possa pensar que Pinto de Sousa é corrupto nem que se possa dizer que precisava do sr. major Valentim Loureiro para ter acesso ao poder pois não tinha nem tem necessidade de se servir de Valentim Loureiro para o que quer que seja ", sublinhou ainda, depois de confessar que assistiu ao telefonema de Madaíl para Pinto de Sousa no qual lhe foi feito o convite para continuar na presidência do Conselho de Arbitragem da FPF. Outra testemunha deste momento, ocorrido num hotel do Porto, foi o juíz António Mortágua."Mais fifeiro que uefeiro"Mas João Rodrigues foi ainda mais longe na "inside information". Sobre os casos concretos que estão a ser julgados em Gondomar, revelou que Pinto de Sousa só começou a nomear os árbitros para os jogos do Gondomar porque, em Novembro de 2003, teve conhecimento de duas situações: a de que sete árbitros de Aveiro estavam entre os dez primeiros classificados (num momento em que os observadores eram nomeados por Luís Nunes, irmão do treinador do Gondomar SC) e porque "foi insinuado" que Francisco Costa, arguido neste processo e então responsável pela nomeação dos árbitros, era amigo de infância de José Oliveira, presidente dos Dragões Sandinenses. Revelação que de certo modo incomodou os advogados quer de Francisco Costa, quer de Luís Nunes... "O grande mal deste homem foi sempre evitar a conflitualidade e por isso é que teve sempre o telefone aberto, fosse para o Gondomar, fosse para o Benfica...", concluiu sobre Pinto de Sousa quem se considerou "mais fifeiro que uefeiro".
Autor: EUGÉNIO QUEIRÓS, in Record

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