Artur Santos Silva, antigo presidente do BPI e figura notável da banca portuguesa, esteve no tribunal de Gondomar na condição de testemunha de Pinto de Sousa, arguido de quem tem "uma imagem muito positiva". Instado a pronunciar-se sobre uma viagem a Moçambique de Pinto de Sousa que o Ministério Público valorizou na acusação que produziu, entendendo que foi uma contrapartida dada pelo major Valentim Loureiro - que teria mexido os seus cordelinhos - a Pinto de Sousa, conseguindo integrá-lo na comitiva oficial do primeiro-ministro Durão Barroso, afirmou: "Mal estará uma sociedade democrática se alguém não puder apresentar pessoalmente um assunto a um qualquer membro do governo", referiu Artur Santos Silva sobre a insinuação de que o major facilitou a Pinto de Sousa, tal como se diz na acusação, o acesso aos "corredores do poder". O procurador Gonçalo Silva não se mostrou convencido: "Eu, que estou há 30 anos no Ministério da Justiça, se quisesse falar com o Ministro da Justiça não conseguia".
Artur Santos Silva considerou que a presença de um empresário como Pinto de Sousa numa comitiva ministerial é "relativamente fácil" tendo em conta os interesses "reais e potenciais". Seguiu-se Faria de Almeida, antigo secretário de Estado, figura de destaque do PSD/Porto e companheiro de Pinto de Sousa e Pinto da Costa no Colégio das Caldinhas. Sobre Pinto de Sousa, disse este médico que é uma pessoa "honesta até nas pequenas coisas" e que não precisaria de recorrer a Valentim Loureiro para integrar uma comitiva ministerial, "tanto mais que, se o quisesse fazer, podia recorrer a pessoas de um patamar mais alto". De Pinto de Sousa disse também que tinha "aversão à política".
O procurador Gonçalo Silva leu uma escuta entre Pinto de Sousa e o filho na qual este refere que foi "o major" quem conseguiu que integrasse a comitiva oficial do primeiro-ministro e não a comitiva dos empresários, tendo até ficado alojado no hotel onde ficou Durão Barroso. "Quem seria este major?", perguntou Gonçalo Silva. "Provavelmente o sr. major Valentim Loureiro...", respondeu Faria de Almeida. Contrapôs o advogado de Pinto de Sousa, João Medeiros, outro escuta entre Pinto de Sousa e o filho na qual o primeiro diz que iria fazer tudo para "fugir" ao programa oficial dessa viagem a Moçambique, assim tentando provar que Pinto de Sousa não tinha qualquer interesse em fazer parte da comitiva oficial.
António Marçal, antigo árbitro internacional, foi outra das testemunhas apresentadas pela defesa de Pinto de Sousa, pessoa que, no entender, "quando chegou ao Conselho de Arbitragem da FPF revolucionou a arbitragem portuguesa". Marçal falou ainda de uma conversa que teve, no Algarve, antes das eleições da FPF de 2002, com Vítor Pereira e Pinto de Sousa, na qual Pinto de Sousa deu a Vítor Pereira "toda a liberdade" para se candidatar a presidente do Conselho de Arbitragem da FPF. Vítor Pereira viria a ser apenas pré-candidato, numa lista encabeçada por Artur Jorge que não se apresentou a sufrágio.
Autor: EUGÉNIO QUEIRÓS, in Record

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