Vítor Pereira não acha estranho que os árbitros recebam prendas dos clubes, como também está em causa no julgamento do processo originário do Apito Dourado. Para o presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, "as ofertas devem estar, porém, enquadradas na circular da FPF, que determina valores máximos" (120 euros). Em caso de dúvida quanto ao valor das ofertas, o melhor árbitro português dos últimos 20 anos entende que os árbitros "devem recusá-las". "Para além disso, há um detalhe importante que não é um pormenor mas sim um "pormaior": as prendas devem ser dadas no final do jogo", referiu. "Quando me ofereciam coisas antes do início dos jogos, por deferência não as recusava mas, para defesa pessoal, não as abria", juntou.
Quanto a refeições na companhia de dirigentes – como aconteceu com alguns dos nove árbitros que estão a ser julgados em Gondomar –, Vítor Pereira defende que não deve ser "uma prática corrente". Explicando que no âmbito da Liga "preferimos que a equipa de arbitragem aproveito os momentos das refeições para confraternizar entre si, para se concentrar nos jogos ou para debater o que aconteceu naqueles".
Falando em concreto das perícias que fez aos jogos do Gondomar SC na época de 2003/2004, na companhia de Jorge Coroado e Adelino Antunes, Pereira considerou que a má qualidade das gravações prejudicou o trabalho feito. "Com estas imagens, não é possível avaliar, do ponto de vista técnico, o trabalho dos árbitros", concretizou quem no final da sua audição não teve dúvidas em afirmar que o trabalho dos árbitros que apreciou em acção nos jogos investigados do Gondomar "não desvirtuou a verdade desportiva". Vítor Pereira admitiu também algumas divergências no trabalho de perícia que disse ter sido feito "de empreitada" num conjunto de 63 jogos, entre os quais partidas da I Liga, como o Beira-Mar-FC Porto e o FC Porto-Estrela da Amadora. "Nem sempre as coisas são preto ou branco, depende tudo da sensibilidade e da intuição de cada um e, por isso, as observações não são objectivas", sublinhou. "Nem sempre se chega a conclusões defnitivas", precisou. De aí que Vítor Pereira admita que os outros peritos, quando chamados ao Tribunal de Gondomar, possam ter opiniões diferentes da sua. Porque "a arbitragem não é uma ciência exacta". Como se provou na sessão de hoje, quando o perito Vítor Pereira teve de emendar a mão para considerar que o árbitro Pedro Sanhudo, no jogo Pedras Rubras-Gondomar, não assinalou uma grande penalidade a favor do Gondomar SC. "Competirá ao tribunal aferir valor destas peritagens, o que posso dizer é que fomos empenhados, tentamos transmitir ao tribunal, de forma sincera, aquilo que era o nosso sentir e a nossa convicção, mas, naturalmente, depois os juizos serão feitos por quem de direito", concluiu o antigo árbitro internacional.

O presidente da Comissão de Arbitragem da Liga analisou, com Jorge Coroado e Adelino Antunes, também antigos árbitros, 63 jogos, entre os quais mais de 20 do Gondomar SC, o clube na berlinda no processo originário. No final da sessão, Vítor Pereira salientou que a qualidades das gravações dos jogos do Gondomar tornaram muito difícil o trabalho de análise dos três peritos. "Com estas imagens seria incapaz de avaliar o trabalho de um árbitro", referiu, depois de na sala de audiências ter emendado a mão várias vezes, emitindo opiniões contrárias ao que foi estampado nos relatórios de peritagem assinados pelos três peritos. Na mesma sala de audiências - onde se seguirão, na próxima semana, os testemunhos de Adelino Antunes e Jorge Coroado -, Vítor Pereira fez sorrir os réus presentes quando na análise ao jogo Pedras Rubras-Gondomar até considerou que ficou uma grande penalidade por marcar para a equipa gondomarense. O árbitro visado, Pedro Sanhudo, também presente, não conseguiu deixar de sorrir a propósito deste comentário ao seu trabalho num jogo que o Gondomar venceu perto do fim, através de uma grande penalidade que as imagens não esclarecem e que mereceu de Vítor Pereira este comentário: "Não se pode dizer que não há penálti".
Ao presidente da CA da Liga foi também perguntando se no seu tempo de árbitro recebeu prendas, tendo Vítor Pereira confessado que recebeu medalhas, galhardetes, pins, relógios, símbolos de clube e até aguardente típica de uma região que não precisou. "Nos jogos da UEFA era normal receber camisolas (gravatas nas ilhas britânicas)", referiu, depois de recordar uma circular da UEFA, anterior a 2002, ano em que abandonou a actividade de árbitro, que determinava que os árbitros não podiam receber prendas de valor superior a 200 francos suíços (120 euros ao câmbio actual.
in record.pt

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