1ª Pergunta - Já fez contas aos anos que está ao serviço da arbitragem? Como se iniciou este trajecto? quais foram os pontos mais altos? e o que lhe falta cumprir?
Vítor Reis - Ainda não fiz contas, nem acho que o deva fazer. O que posso transmitir é que já tenho alguns anos ligado à arbitragem do futebol, primeiramente como árbitro, depois como dirigente, sendo que a minha actividade literária e de estudioso neste campo é transversal àqueles dois períodos. E vou continuar assim, escrevendo sobre esta temática, sempre com um intuito pedagógico, didáctico e construtivo, tentando que quem lê entenda o árbitro como imprescindível em qualquer competição desportiva e comprovando que a arbitragem do futebol não é um campo fechado, pois ela também debate e divulga as suas questões mais pertinentes. Iniciei-me nesta actividade como se iniciam todos os árbitros, subindo paulatinamente os degraus de uma carreira que adorei até ter atingido a 1ª categoria nacional. Em termos de pontos mais altos da minha carreira, poderei destacar o 1º jogo que fiz como árbitro (sensação que ainda hoje não esqueço), a subida à 3ª categoria nacional, a promoção à 1ª categoria nacional, os jogos decisivos em que participei tanto como árbitro ou fiscal-de-linha/árbitro-assistente, a publicação do meu primeiro livro sobre as regras (com a ajuda inestimável do Adelino Antunes e o apoio eficaz da Câmara Municipal de Oeiras). E mesmo que não o tenhas perguntado, mas a bem da verdade, não posso deixar de referir que, claramente, o ponto mais baixo da minha carreira foi a descida de categoria, ocorrida em 1997, facto que ainda hoje me deixa muitas dúvidas e que me levou ao abandono da carreira de árbitro. Acredita que não sei o que me falta cumprir. Provavelmente, serei um dia dirigente da estrutura da arbitragem, mas como em tudo na minha vida, se isso vier a acontecer, será um processo normal e natural, pondo ao serviço do sector os conhecimentos e experiências que fui adquirindo ao longo dos anos.
-2ªP - Esteve presente no passado sábado em Odemira (23 de Fevereiro) em mais uma acção do CA da AFB. Surpreendeu-o ver tanta juventude? Do que mais gostou?
V.R. - Não me surpreendeu ver tanta juventude na Acção de Formação que o Conselho de Arbitragem da AF Beja levou a efeito em Odemira. Trata-se, tenho a certeza, de uma aposta selectiva na renovação dos seus quadros, com a certeza de que a juventude presente pode vir a mostrar todo o seu valor nesta actividade tão exigente. Mas este grupo de jovens árbitros tem de ser educado em termos do muito trabalho que há a realizar, devendo olhar sempre para os dirigentes e corpo técnico como referências a copiar, obrigando a que estes também trabalhem com idoneidade, honorabilidade, ética e deontologia. É um trabalho de parceria, com a perspectiva e o objectivo de chegarem o mais longe possível nas suas carreiras. Neste dia tão bem passado na simpática vila de Odemira, gostei da organização, do local onde tiveram lugar os trabalhos e das excelentes instalações desportivas onde decorreram as provas físicas. Apreciei bastante a intervenção do Presidente da Câmara, dando a conhecer o seu Concelho e transmitindo aos visitantes que esta autarquia está sempre na disposição de apoiar qualquer actividade que o Conselho de Arbitragem lá queira realizar. Afinal, todos os que se esforçaram para que tudo corresse bem, estão de parabéns.
-
3ªP - Fale-nos do livro “Conheça com Rigor as Regras de Futebol”, que lançou recentemente em conjunto com Adelino Antunes.
V.R. - Pedes para falar do livro que publiquei recentemente com o Adelino Antunes. Pois bem, foi um regresso às minhas origens de “escritor” sobre as regras de jogo, porque já em tempos (de 1989 a 1996) tinha publicado 7 edições de um livro também sobre as leis e regulamentos do futebol. No intervalo, mais concretamente em 2005, editei uma outra publicação, a que dei o título de “A Arbitragem do Futebol – A Caminho do Futuro”. Em relação ao nosso último livro, foi um prazer enorme realizar este trabalho, apesar de demorado na sua concepção. O que pretendemos foi dar a conhecer as regras do futebol e a sua interpretação objectiva a todos aqueles que se interessam pela arbitragem, esclarecendo tudo em pormenor. Nas cerca de 160 páginas, tudo é explicado de forma simples e fácil, numa linguagem pedagógica, para que os leitores compreendam e apreendam com facilidade as regras que o árbitro tem de respeitar. E, explicá-las, é também fazer sentir e realçar a dimensão humana desse agente desportivo tão importante. Esta é, seguramente, a nossa modesta contribuição para o desenvolvimento técnico do sector, com a certeza de que já fizemos algo para isso. Mas, meu caro, este trabalho foi aproveitado para realizar um projecto inovador, pelo menos em Portugal: transformei, juntamente com um outro amigo, técnico de informática, cada parágrafo do livro em “slides” de “Power-Point” e temos um trabalho preparado para acções de formação técnica. Assim, se podem explicar, em mais de 600 “slides”, as regras na sua especificidade através dos adequados meios informáticos. Como muito bem diz o Adelino Antunes, continuamos a ser uns humildes aprendizes com vontade de acertar.
-4ªP - Qual a sua opinião acerca do Blog Apito Bejense e como pode este melhorar ?
V.R. - Gostei bastante do teu “blog” e só te posso dar os meus sinceros parabéns pelo trabalho feito. Continua assim, com vontade de inovar, de construir coisas novas, sendo certo que um “blog” é não são aquilo que os seus autores quiserem como o que os cibernautas lá escreverem. Este teu projecto pode e deve ser uma referência na arbitragem regional e nacional, pelo que tens de o manter actualizado em permanência, com conteúdos dinâmicos e sempre actuais, levando a que cada visitante encontre sempre uma razão para lá voltar. Deves publicar uma entrevista, pelo menos, semanalmente, feita a pessoas que se destaquem no futebol (e não só na arbitragem), além de que qualquer “blog” tem de ter um conjunto razoável de fotografias e até de filmes.
-5ªP - Deixe uma mensagem aos árbitros dos quadros da A.F.Beja para o que resta da presente época.
V. R. - Uma mensagem simples para todos os árbitros de Beja: que tenham sempre presente que trabalhar vale sempre a pena, qualquer que seja a actividade, e que os frutos dessa aplicação mais cedo ou mais tarde irão ser colhidos. E que não se esqueçam de ter sempre o máximo prazer quando estiverem arbitrando qualquer jogo. Gostar do que se faz é a chave para o sucesso. E é preciso conservar sempre a vontade de ser árbitro.
Termino, dizendo-te que foi um prazer ter respondido às tuas questões.
Etiquetas: NOTÍCIAS
0 Comments:
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)