Árbitro recordista nomeado para o clássico

A escolha da CA recaiu sobre Paulo Paraty. O experiente árbitro da AF Porto é o que tem mais jogos no escalão maior.
A Comissão de Arbitragem (CA) nomeou Paulo Paraty para o encontro mais mediático da 21.ª jornada, uma espécie de prémio de despedida no último ano de actividade do árbitro portuense, de 45 anos. Esta temporada, Paulo Paraty tornou-se no árbitro português com mais jogos no escalão maior, ao ultrapassar Jorge Coroado, que detém a marca de 215 participações em jogos da primeira divisão.
A escolha do árbitro portuense deixou para trás candidatos como Lucílio Baptista, João Ferreira e Bruno Paixão, todos filiados na Associação de Futebol de Setúbal, e, segundo os comentadores de arbitragem de O JOGO, tem em conta a proximidade do licenciamento de Paulo Paraty, por atingir o limite de idade.
Promovido à I Categoria em 1991/92, Paraty arbitrou diversos clássicos entre Sporting e Benfica, e é um desses jogos - disputado em 2004/05 - entre os rivais lisboetas que confessou recentemente a O JOGO ter sido o mais conseguido da sua longa carreira.
A vontade de premiar o engenheiro electrotécnico portuense revelada pela comissão liderada por Vítor Pereira poderá, no entanto, não ter sido bem recebida pelos leões, que em 2003/04 se queixaram do seu trabalho num jogo disputado com o Nacional e, na época a seguir, do golo nascido de uma disputa entre Luisão e o guarda-redes Ricardo, que resultou no triunfo dos vermelhos por 1-0.
Esta época, Paraty já dirigiu jogos de leões e águias, tendo encontrado os primeiros no Estádio do Mar, encontro que terminou com um empate a um golo, e os segundos na recepção ao Boavista e na deslocação ao terreno do Setúbal.
Crente na profissionalização, mais tarde ou mais cedo, da arbitragem, Paraty tem preparado a "reforma" com novas experiências radicais que o manterão ligado ao desporto, a sua grande paixão. O BTT, o esqui aquático e de neve e as futeboladas com amigos continuarão a preencher os dias deste árbitro.
in ojogo.pt
Paulo Paraty: «Apito Dourado marca geração» O HOMEM QUE VAI APITAR O DÉRBI FAZ O BALANÇO DA CARREIRA
RECORD – A poucos meses de terminar a carreira, que balanço é que faz?
PAULO PARATY – Um balanço muito positivo. Não só na perspectiva do árbitro, mas sobretudo também na do homem. A arbitragem foi, de facto, para mim, uma grande escola, que me deu muitas experiências ricas e me deixará muitas e fortes amizades e relacionamentos. Como árbitro, fico com a sensação de ter dado o que foi possível e sempre com a impressão que podia obter algo mais. Só penso assim porque sou ambicioso. Honrei o nome que herdei e que deixo enquanto árbitro, e com a consciência, óbvia, de que nem todas as minhas decisões, tomadas em função do que me pareceu mais correcto, terão sido as mais adequadas.
R – Se recuasse, voltava a ser árbitro?
PP – Isso não está em dúvida.
R – Apesar do Apito Dourado?
PP – Nunca pesou em nada, foi uma fase desgastante mas em que recebi, sobretudo dos meus colegas e amigos, muitas mensagens de apoio e carinho. Não sofri qualquer tipo de afastamento ou medida mais dura. Vinque-se bem que fui ouvido como arguido e como testemunha, só que muita gente confunde arguido com condenado, mas o importante é que as instâncias judiciais ouviram-me, como é seu direito, e concluíram que de facto nada havia a apontar ao meu comportamento. A grande felicidade é acabar a carreira com todas essas questões resolvidas.
R – É o arbitro com mais jogos na Liga, tendo realizado 218 partidas...
PP – É um momento para lembrar o árbitro que antes de mim mais jogos teve, o Jorge Coroado. Ele foi a primeira pessoa a ligar-me ao ser nomeado para o jogo que bateria o recorde dos 215 encontros. Por outro lado, ficará a ser a minha pequena vaidade, um sinal de reconhecimento, longevidade, e com alguma falta de modéstia, de competência.
R – Esteve em foco por causa de um propalado jantar com Devesa Neto e José Veiga. Esteve ou não nesse jantar?
PP – Esse assunto nada tem a ver com o Apito Dourado. Sobretudo essa questão tem a ver com… nada. Porque é falso que eu tenha jantado com o senhor José Veiga nessa ou em qualquer noite. Especialmente nessa noite, tão-pouco o vi ou o cumprimentei. Mas, maldosamente, continua a ser uma falsa “verdade” que muita gente teima em assumir. Para o comprovar estão alguns jogadores campeões europeus da década de 80 pelo FC Porto que nessa mesma noite jantaram nesse restaurante. Cumprimentámo-nos e falámo-nos e eles não me viram com o senhor José Veiga. Para que fique esclarecido, estive nesse restaurante muito tempo depois do senhor José Veiga de lá ter saído. Também é bom que se refira que não adviria qualquer problema se me tivesse cruzado com esse senhor. Mas já me habituei a esse tipo de especulações. Há cerca de um ano fui acusado, antes de um jogo do V. Guimarães, de ter estado a jantar ou a almoçar com o Neno e continuo a aguardar que quem me acusou demonstre essa falsidade. Ao longo da minha vida desportiva fui várias vezes acusado destas situações e, curiosamente, nunca com fundamento.
R – Há pressão sobre os árbitros?
PP – Claro que há. O mediatismo deste grande espectáculo, os sentimentos fortes que envolve e os interesses legítimos dos que o seguem, fazem com que todos nós que participamos no espectáculo nos sintamos pressionados. Nenhum árbitro pode chegar ao topo, se não souber lidar com essa pressão e se não souber fazer dela um tónico para ser ainda mais competitivo.
R – O Apito Dourado veio descredibilizar o futebol?
PP – Este processo marca esta geração. Importante é percebermos que o processo começou a ser julgado nas barras dos tribunais. Até aqui conhecia-se a versão da acusação. E, neste momento, as pessoas acusadas começam a ter o direito e o poder de demonstrar a razoabilidade de muitas das acções que estão a ser julgadas .Todos temos consciência que os envolvidos neste processo têm sido e, continuarão a ser, julgados e previamente condenados na praça pública. E este é o grande ónus que este processo nos deixará. Quanto às decisões judiciais, teremos de confiar nos tribunais e aceitar como boas todas as decisões que daí advierem, e não sermos selectivos em relação àquelas com que cada um mais se identifique.
R – Augusto Duarte é arguido no processo Apito Dourado. Ele devia afastar-se durante o processo?
PP – Eu treino com o Augusto Duarte e conheço muito do seu carácter. Não posso aceitar é que sejam pessoas externas a procurar decidir sobre algo que só a ele diz respeito. E compreendo que, se de algum modo o Augusto Duarte se auto-excluísse estaria, para a opinião pública, a assumir a culpa antes de ser julgado.
R – O Apito Dourado influencia a arbitragem a nível internacional?
PP – É óbvio que tem reflexos. Não podemos esquecer que em outros países aconteceram situações semelhantes. Mas a gestão desses factos pela UEFA foi efectuada de maneira diferente. Não creio que seja pela existência do Apito Dourado que o Olegário Benquerença não vai ao Europeu como árbitro principal, mas sim por razões de gestão geopolítica da UEFA e por alguma falta de visibilidade do próprio Olegário no grupo de elite da UEFA a que não é alheio o facto de ser o mais novo.
in record.pt

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