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Um ex-central apita o clássico

Como defesa do Covilhã, onde jogou até aos juniores, "dava muito pau" e até se aborrecia com as decisões dos árbitros...

Quem tinha razão era o pai, também Carlos Xistra e dirigente da Associação de Futebol de Castelo Branco. "Tanto discutes com os árbitros que ainda vais parar à arbitragem" - era mais ou menos isto que o pai de Carlos Xistra, falecido há dois anos, lhe dizia quando o via jogar nas camadas jovens do Covilhã, de onde saiu nos juniores. Esta é apenas uma das histórias relacionadas com o passado desportivo do árbitro que depois de amanhã, em Alvalade, terá, quiçá, a principal prova de fogo de uma carreira iniciada aos 18 anos. Foi nessa altura que decidiu trocar as chuteiras e as caneleiras pelo apito e pelo estudo das regras.
Dizem os amigos que, como defesa-central, Xistra "dava muito pau", era bem duro, muito rigoroso e exigente, e, claro, chateava-se imenso com os árbitros. Tudo dentro do campo e no calor das emoções de um jogo de iniciados, juvenis ou juniores.
Fora do campo, era, como ainda é hoje, muito pacato e de poucas falas. Responsável pelo economato do hospital da Covilhã (embora em "part-time", por pretender dedicar mais tempo à arbitragem, tem a seu cargo a gestão do "stock" de todo o material), Carlos Xistra é quase sempre muito reservado. Gosta de brincar, mas sem grandes exuberâncias.
No mês em que completou 34 anos e em que recebeu as insígnias da FIFA, há uma semana, o árbitro que se orgulha de ser o único da Associação de Castelo Branco que alguma vez militou na I Categoria teve mais uma prenda, esta mais inesperada: a equipa liderada por Vítor Pereira depositou toda a confiança nas suas qualidades para dirigir o Sporting-FC Porto.
O primeiro jogo grande
Em 1 de Dezembro de 2006, Jorge Sousa estreava-se em jogos grandes. Também em Alvalade, o árbitro internacional do Porto dirigiu o Sporting-Benfica, passando, na altura, num teste complicado. Pouco mais de um ano depois, Carlos Xistra é o segundo árbitro a ser lançado pela equipa liderada por Vítor Pereira. A ideia é, claro, remodelar o sector e preparar os mais novos para desafios de elevado risco, até porque árbitros mais experientes, como Paulo Paraty (retira-se esta época), Paulo Costa, Lucílio Baptista ou Pedro Henriques, estão muito perto da meta, ou seja, de atingir o limite de idade.
Vítor Pereira: "Factores motivacionais justificam esta escolha"
"Esta nomeação prende-se com o facto de este árbitro estar a atravessar um bom momento e por ter recebido as insígnias da FIFA recentemente. Há factores nitidamente motivacionais que justificam esta escolha" - foi assim, com objectividade, que Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, explicou, a O JOGO, as razões que o levaram a proporcionar a Carlos Xistra a estreia em clássicos desde que ascendeu à primeira categoria. "É também, por outro lado, para abrir o leque de opções. Em determinadas circunstâncias, não há necessidade de repetir as escolhas."
A escolha de João Ferreira, árbitro internacional de Setúbal, para o Guimarães-Benfica, outro jogo desta jornada de elevado grau de dificuldade, também mereceu uma análise por parte do responsável da arbitragem. "Está também num bom momento, está motivado e com certeza que corresponderá às expectativas de toda a gente", perspectivou.
TRIBUNAL O JOGO
Jorge Coroado:
"Uma nomeação previsível, atendendo a que recebeu recentemente as insígnias de internacional e tem feito uma época positiva. Um bom teste."
Soares Dias: "É, sem dúvida, um baptismo de fogo. Oxalá que seja abençoado. Vítor Pereira tem apostado nos jovens, e este é mais um árbitro a ser lançado."
Rosa Santos: "É um novo internacional, que tenha muita sorte e que apite com isenção para que a arbitragem saia devidamente dignificada."
António Rola: "Se passou a internacional, é porque tem valor. Será a primeira prova de fogo com esse estatuto; que seja o primeiro de muitos clássicos

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