in Correio da Manhã
‘Apito Dourado’: Viciação na arbitragem vai ser julgada na Boa-Hora
"Estes arguidos actuaram com o objectivo de ir ao encontro dos interesses das associações de futebol, principalmente da Associação do Porto." É desta forma que o juiz de instrução criminal Carlos Alexandre aponta a intenção de Pinto de Sousa e de mais 15 arguidos em alterarem as classificações de árbitros e observadores entre 2002 e 2004. Foram todos pronunciados por mais de 550 crimes de falsificação de documentos.
Carlos Alexandre sublinha a acusação do MP e afirma que os membros do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação (FPF) sabiam que a subida ou descida de um árbitro de uma determinada associação alteraria o peso desta dentro da FPF. Nesse sentido, as alterações classificatórias destinavam--se a beneficiar as associações que garantiriam a Pinto de Sousa e restante CA os votos necessários para a sua continuidade na Federação Portuguesa de Futebol.
No despacho de ontem, Carlos Alexandre cita escutas em que Pinto de Sousa combina com elementos das associações distritais os árbitros que devem descer, manter ou subir de escalão – sendo que era intenção do CA que o Porto se mantivesse como a associação de maior peso.
Pinto de Sousa, ex--líder do CA, arrisca agora prisão efectiva, não só pelos 144 crimes de que é acusado mas pela possibilidade de ver levantada a suspensão da pena de dois anos e três meses de prisão no julgamento do ‘Apito’ que decorreu em Gondomar.
Para além do ex-líder do CA foram pronunciados o antigo vice António Henriques e os vogais Azevedo Duarte, Francisco Costa e Luís Nunes. Também Paulo Torrão, técnico de informática da FPF, essencial na viciação das classificações, será réu no Tribunal da Boa-Hora.
Oito observadores (Barbosa da Cunha, Manuel Nabais, João Rosa Penicho, Mário Santos, Paulo Pita da Silva, Joaquim Soares, António Fernandes e José Mendonça) e dois árbitros (António Resende e João Henriques) fecham o rol dos pronunciados.
MP OBRIGADO A DEFENDER PRONÚNCIA DE PINTO DA COSTA
Gonçalo Silva não defendeu ontem a pronúncia de Pinto da Costa. O presidente do FC Porto tinha sido acusado de corrupção no âmbito do caso Nacional--Benfica, mas o magistrado, que ontem acompanhou o debate instrutório no Tribunal de Gondomar, entendeu que a prova não era suficiente. Disse que caberia ao juiz tomar a decisão final, mas será obrigado a recorrer, caso o magistrado judicial entenda que o presidente dos azuis-e-brancos não deve ir a julgamento.
A situação, que parece confusa, decorre de uma instrução de Pinto Monteiro. No ano passado, e após a constituição da equipa de Maria José Morgado, o procurador-geral da República deu instruções ao Ministério Público para que recorressem sempre que as decisões da equipa especial fossem contrariadas por um juiz de instrução. O que, neste caso, obrigará Gonçalo Silva a recorrer para a Relação em caso de não-pronúncia, mesmo num quadro, como aconteceu, em que o próprio entende não haver indícios suficientes para que o caso chegue a julgamento.
"A Defesa alega que estavam a ser tratados os negócios de Paulo Assunção e Rossato do Nacional para o FC Porto e como o nome do empresário Jorge Baidek é sempre citado, essa é uma hipótese a ter em conta", afirmou o procurador.
Gonçalo Silva teve opinião diferente em relação aos restantes arguidos. Pediu a pronúncia do líder do Nacional, Rui Alves, do empresário António Araújo e do árbitro Augusto Duarte. A decisão instrutória será conhecida na próxima terça-feira (13h30), em Gondomar.
JUIZ MUITO ATAREFADO
"Sou o único juiz de instrução em Gondomar, exerço funções num juízo em Valongo e tenho em mãos quatro mega-instruções. Não posso estar em todo o lado."Foi desta forma que o juiz Pedro Miguel Vieira se queixou da agenda e pediu aos advogados que não protestassem a data da decisão instrutória, na próxima terça-feira.
BENFICA PREJUDICADO NA MADEIRA
O Benfica foi prejudicado na Madeira. A conclusão do Ministério Público foi ontem defendida por Gonçalo Silva que entendeu, "sem a menor dúvida", que Rui Alves, presidente do Nacional, deveria ser pronunciado por corrupção desportiva activa. Em causa está o jogo da Liga 2003/04, entre Nacional e o Benfica (3-2). Pinto da Costa não intervém em nenhuma escuta, mas, segundo o MP, as conversas interceptadas ao empresário António Araújo indiciam que o pedido de benefício ao Nacional havia sido feito pelo líder dos dragões. Após a derrota, José António Camacho, então treinador do Benfica, assumiu o título como uma miragem.
DESPACHO
QUATRO PASSOS
O juiz Carlos Alexandre deu como provado o "sistema" de viciação, com quatro passos: nomeação de observadores, pressão sobre os mesmos, modificar notas através de grelhas de correcção e, caso não fosse atingido o objectivo, mudar a própria ficha de avaliação.
85 RASURADOS
Quando tudo o resto não chegava, o CA pedia a Paulo Torrão para que este indicasse os jogos em que seria necessário modificar os relatórios.
"A pedido de António Bernardo, os arguidos António Henriques e António Azevedo Duarte elaboraram ou fizeram elaborar 85 documentos, que assinaram, com o seu punho", lê-se no despacho.
MENSAGENS
Pinto de Sousa deixou uma comprometedora mensagem de voz a AntónioHenriques: "Veja se logo que possa me liga, na medida em que aquilo que a gente tem combinado em termos de classificações, eu não sei o que é que aconteceu, eu falei ontem com o Azevedo Duarte, ele diz que é culpa do Torrão."
"Estes arguidos actuaram com o objectivo de ir ao encontro dos interesses das associações de futebol, principalmente da Associação do Porto." É desta forma que o juiz de instrução criminal Carlos Alexandre aponta a intenção de Pinto de Sousa e de mais 15 arguidos em alterarem as classificações de árbitros e observadores entre 2002 e 2004. Foram todos pronunciados por mais de 550 crimes de falsificação de documentos.
Carlos Alexandre sublinha a acusação do MP e afirma que os membros do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação (FPF) sabiam que a subida ou descida de um árbitro de uma determinada associação alteraria o peso desta dentro da FPF. Nesse sentido, as alterações classificatórias destinavam--se a beneficiar as associações que garantiriam a Pinto de Sousa e restante CA os votos necessários para a sua continuidade na Federação Portuguesa de Futebol.
No despacho de ontem, Carlos Alexandre cita escutas em que Pinto de Sousa combina com elementos das associações distritais os árbitros que devem descer, manter ou subir de escalão – sendo que era intenção do CA que o Porto se mantivesse como a associação de maior peso.
Pinto de Sousa, ex--líder do CA, arrisca agora prisão efectiva, não só pelos 144 crimes de que é acusado mas pela possibilidade de ver levantada a suspensão da pena de dois anos e três meses de prisão no julgamento do ‘Apito’ que decorreu em Gondomar.
Para além do ex-líder do CA foram pronunciados o antigo vice António Henriques e os vogais Azevedo Duarte, Francisco Costa e Luís Nunes. Também Paulo Torrão, técnico de informática da FPF, essencial na viciação das classificações, será réu no Tribunal da Boa-Hora.
Oito observadores (Barbosa da Cunha, Manuel Nabais, João Rosa Penicho, Mário Santos, Paulo Pita da Silva, Joaquim Soares, António Fernandes e José Mendonça) e dois árbitros (António Resende e João Henriques) fecham o rol dos pronunciados.
MP OBRIGADO A DEFENDER PRONÚNCIA DE PINTO DA COSTA
Gonçalo Silva não defendeu ontem a pronúncia de Pinto da Costa. O presidente do FC Porto tinha sido acusado de corrupção no âmbito do caso Nacional--Benfica, mas o magistrado, que ontem acompanhou o debate instrutório no Tribunal de Gondomar, entendeu que a prova não era suficiente. Disse que caberia ao juiz tomar a decisão final, mas será obrigado a recorrer, caso o magistrado judicial entenda que o presidente dos azuis-e-brancos não deve ir a julgamento.
A situação, que parece confusa, decorre de uma instrução de Pinto Monteiro. No ano passado, e após a constituição da equipa de Maria José Morgado, o procurador-geral da República deu instruções ao Ministério Público para que recorressem sempre que as decisões da equipa especial fossem contrariadas por um juiz de instrução. O que, neste caso, obrigará Gonçalo Silva a recorrer para a Relação em caso de não-pronúncia, mesmo num quadro, como aconteceu, em que o próprio entende não haver indícios suficientes para que o caso chegue a julgamento.
"A Defesa alega que estavam a ser tratados os negócios de Paulo Assunção e Rossato do Nacional para o FC Porto e como o nome do empresário Jorge Baidek é sempre citado, essa é uma hipótese a ter em conta", afirmou o procurador.
Gonçalo Silva teve opinião diferente em relação aos restantes arguidos. Pediu a pronúncia do líder do Nacional, Rui Alves, do empresário António Araújo e do árbitro Augusto Duarte. A decisão instrutória será conhecida na próxima terça-feira (13h30), em Gondomar.
JUIZ MUITO ATAREFADO
"Sou o único juiz de instrução em Gondomar, exerço funções num juízo em Valongo e tenho em mãos quatro mega-instruções. Não posso estar em todo o lado."Foi desta forma que o juiz Pedro Miguel Vieira se queixou da agenda e pediu aos advogados que não protestassem a data da decisão instrutória, na próxima terça-feira.
BENFICA PREJUDICADO NA MADEIRA
O Benfica foi prejudicado na Madeira. A conclusão do Ministério Público foi ontem defendida por Gonçalo Silva que entendeu, "sem a menor dúvida", que Rui Alves, presidente do Nacional, deveria ser pronunciado por corrupção desportiva activa. Em causa está o jogo da Liga 2003/04, entre Nacional e o Benfica (3-2). Pinto da Costa não intervém em nenhuma escuta, mas, segundo o MP, as conversas interceptadas ao empresário António Araújo indiciam que o pedido de benefício ao Nacional havia sido feito pelo líder dos dragões. Após a derrota, José António Camacho, então treinador do Benfica, assumiu o título como uma miragem.
DESPACHO
QUATRO PASSOS
O juiz Carlos Alexandre deu como provado o "sistema" de viciação, com quatro passos: nomeação de observadores, pressão sobre os mesmos, modificar notas através de grelhas de correcção e, caso não fosse atingido o objectivo, mudar a própria ficha de avaliação.
85 RASURADOS
Quando tudo o resto não chegava, o CA pedia a Paulo Torrão para que este indicasse os jogos em que seria necessário modificar os relatórios.
"A pedido de António Bernardo, os arguidos António Henriques e António Azevedo Duarte elaboraram ou fizeram elaborar 85 documentos, que assinaram, com o seu punho", lê-se no despacho.
MENSAGENS
Pinto de Sousa deixou uma comprometedora mensagem de voz a AntónioHenriques: "Veja se logo que possa me liga, na medida em que aquilo que a gente tem combinado em termos de classificações, eu não sei o que é que aconteceu, eu falei ontem com o Azevedo Duarte, ele diz que é culpa do Torrão."
Etiquetas: NOTÍCIAS
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